O desaparecimento das festas infantis

Ah, como sinto falta das festinhas de criança dos velhos tempos. Era uma época em que os pequenos aniversariantes eram os verdadeiros protagonistas, e não apenas figurantes em meio a grandes produções adultas.

Recordo-me com carinho dos dias em que os convidados chegavam ansiosos para abraçar a criança aniversariante e testemunhar a pura alegria estampada em seu rostinho ao desembrulhar os presentes. As festas eram simples, porém genuínas, permeadas por risadas, brincadeiras e alegria contagiantes.

Mas, como tudo na vida, as festas infantis também mudaram ao longo dos anos. Hoje, o que vemos são verdadeiros espetáculos, com direito a mega produções, decorações exuberantes e até mesmo serviço de bar, com bebidas alcoólicas para os adultos.

Chegamos às festas e somos recebidos por uma equipe de moças e rapazes uniformizados, cuja função é organizar os presentes e nos conduzir até a mesa. Somente depois desse protocolo é que podemos ter contato com os pais da criança, enquanto o aniversariante se torna uma figura secundária em meio ao evento grandioso.

É uma verdadeira maratona para conseguir a atenção dos pais, que estão ocupados recebendo os convidados e supervisionando os detalhes da festa. Enquanto isso, a criança, perdida em meio à agitação e à enxurrada de estímulos, muitas vezes se vê sobrecarregada e exausta.

Ao final da festa, partimos sem saber ao certo se o presente escolhido com tanto cuidado foi apreciado pela criança, ou se ela sequer se lembrará de nós. O brilho nos olhos ao abrir o embrulho e descobrir o que havia dentro deixa de ser uma parte essencial da experiência.

Essas festas suntuosas tornaram-se mais sobre os pais do que sobre as próprias crianças, que se veem relegadas a um papel secundário em sua própria celebração. Ah, como sinto saudades das festinhas simples e autênticas do século passado, onde a verdadeira magia residia na simplicidade e na alegria genuína das crianças.

Ana Lucia Ricarte – Advogada.